Sobre as Testemunhas de Jeová
Cartas de Dissociação por Motivo de Consciência – Cid Miranda
Cartas de Dissociação por Motivo de Consciência – Cid Miranda

Cartas de Dissociação por Motivo de Consciência – Cid Miranda

Copyright © 1998 Cid Miranda

Atualização em 29/10/2020

  • Um “Convite” (Intimação) e Seu Motivo:

O que você lerá agora, são as cartas de dissociação (ou solicitação de desligamento da religião) que eu, Cid Miranda, meu cunhado, William do Vale Gadêlha (Bill), minha cunhada, Adriane Gadêlha Oliveira, minha esposa, Silene Miranda e uma outra cunhada, Andréa Forte Gadêlha – nesta seqüência – fizemos quase simultaneamente. Minha esposa e minhas duas cunhadas foram dissociadas (pediram para sair). Embora eu e William tenhamos pedido a dissociação (desligamento), fomos desassociados (expulsos), acusados de termos feito “propaganda apóstata”, conforme a organização TJ julga qualquer discordância dos ensinos dela por parte de membros ativos, batizados.

Por que o aviso de minha saída (e a de William) foi dado da tribuna de forma diferente (desassociação) no dia 29/10/98 se havíamos pedido para sair (dissociação)? Uma das respostas reside no fato de não haver uma única forma honrosa ou digna de alguém sair da organização, claro, que do ponto de vista dela, Torre de Vigia.

Eis aqui o convite, na verdade uma intimação, para eu comparecer diante de uma “comissão judicativa” (tribunal humano paralelo das Testemunhas de Jeová), datado de 23/10/98.

  • Como e por que ocorreu tudo isso?

A organização Torre de Vigia, através de dois superintendentes seus (Circuito e Distrito) promoveu uma ação investigativa, conforme recomendação do “livro dos anciãos” ou “KS”, páginas: 94, 96 (“Resumo”) e 104.

Um cunhado meu, pessoa muito querida, foi usado para saber se tínhamos idéias e literatura consideradas por ela como “apóstatas” visto que ela terminantemente proíbe a leitura de livros de pessoas que já foram Testemunhas de Jeová. Ela decreta essa proibição com a ameaça de expulsão. Essa expulsão acarreta a perda imediata de todos os amigos que não poderão sequer cumprimentar o expulso, qualquer que seja o motivo, inclusive por motivo de consciência .

Bem, esse amado membro de minha família, após ter passado as férias em minha casa, chegou a ser posteriormente pressionado por estes homens e terminou declarando ter visto o livro “Crise de Consciência” (citado na página anterior) em meu lar. Ao saber que meu cunhado havia feito isso, resolvi antecipar a decisão de sair e então pedi minha dissociação. Ao mesmo tempo, fomos seguidos por minha esposa e minhas duas cunhadas.

Todavia, mesmo sem que eu ou William tivéssemos feito o que a “organização” chama de “propaganda apóstata” aos membros de nossa congregação – o que pelas regras dela significaria que tínhamos de ser realmente expulsos – os anciãos mantiveram a injusta decisão de nos desassociar mesmo já estando de posse de nossas cartas (Cid e William) recebidas de nossas próprias mãos no dia 22/10/98.

  • A Vida após a Saída

De qualquer modo, após todo esse tempo de nossa saída, sinto-me muito feliz, e todos os que comigo saíram também se sentem felizes e tranquilos, e podemos dizer que estamos todos em paz, fora do alcance daqueles homens e de sua organização impositiva que perigosamente brinca de Deus ao condenar o cristianismo de seus ex-associados, julgando-o inútil, abjeto, apóstata.

É bom deixar claro que não sou contra a idéia de uma organização, mas sou contra esse modelo de uma organização do tipo aqui em questão. E de que tipo estou tratando nessa página? De uma organização que vai longe demais e exerce uma autoridade e controle que só devem pertencer ao próprio Deus, Jeová. (Salmos 26:2)

Naquela época (out/98) de pressões emocionais e espirituais, já sabendo tudo isso que nessas páginas exponho, resolvi que essa invasão de minha privacidade e todo o autoritarismo religioso haviam se tornado coisas que eu não mais conseguiria suportar em minha vida e na vida de minha família. Não acho que fomos movido por mero orgulho ou por um espírito de independência, mas pela busca de paz e tranqüilidade, de justiça e de verdade e, é claro, principalmente pela constatação plena de que servir a essa organização não significava estar servindo a Jeová Deus. Hoje em dia sabemos que tal fato já era comum naquela época e que tem acontecido a milhares de pessoas no mundo inteiro, cada vez mais, que vêem sua liberdade cristã tolhida, mal-interpretada e seqüestrada por uma organização que se auto-vindica como o único “canal de comunicação de Deus” e que, por agir assim, usurpa o lugar que só pertence a Jesus Cristo, o filho de Deus (João 14:6).

O que nos levou a sair foram as pesquisas NA BÍBLIA E NAS PUBLICAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO e a conclusão de que o Corpo Governante, além de ter ensinado COISAS QUE A BÍBLIA NÃO DIZ, tem ido até mesmo contra o que ela diz.

O fato dos anciãos não acatarem os pedidos de dissociação de William e o meu, e ter a Sociedade usado todo esse modus operandi, todo esse controle e toda a intensa vigilância sobre o que líamos ou deixávamos de ler na privacidade de nossos lares, convenceram-nos ainda mais de que esse espírito mostrado pela organização não era amoroso nem tampouco cristão, mas arrogante, presunçoso e intolerante, em oposição ao que a Bíblia recomenda: “Com toda a HUMILDADE, doçura e paciência, suportai-vos uns aos outros no AMOR, solícitos em conservar a unidade do espírito PELO LAÇO DA PAZ” (Efésios 4:2,3 LEB).

Mais tarde, ao sabermos dos boatos e das estórias diferentes sobre nossa saída, pudemos constatar o fato de que os próprios membros, vítimas de vítimas, são levados a seguir o mesmo proceder da organização: manipular a verdade dos fatos e desmoralizar as fontes que criticam a Torre de Vigia e seu modo arbitrário e soberbo de exercer controle sobre seus membros. Para isso, nossos irmãos contam com o apoio de anciãos (dirigentes locais) que muitas vezes são pessoas despreparadas e acometidas da terrível síndrome do “povo especialmente escolhido”, que não admite que alguém saia de seu meio de forma digna e honrosa, mesmo que por vontade própria ou por uma crise de consciência, como foi em nosso caso. Isso nos fez lembrar os textos BÍBLICOS de:

Mateus 12:36: “Eu vos digo que de TODA DECLARAÇÃO SEM PROVEITO que os homens fizerem PRESTARÃO CONTAS NO DIA DO JUÍZO; pois é pelas TUAS PALAVRAS QUE SERÁS DECLARADO JUSTO e é pelas TUAS PALAVRAS QUE SERÁS CONDENADO.”

Provérbios 6:16, 19: “Há seis coisas que JEOVÁ DEVERAS ODEIA; sim, há sete coisas detestáveis para a sua alma… a TESTEMUNHA FALSA que profere MENTIRAS e todo aquele que cria CONTENDAS entre irmãos.”

João 8:44: “…O DIABO… É UM MENTIROSO E O PAI DA MENTIRA.”

Tendo em vista estas fortes declarações bíblicas, como deveriam sentir-se aqueles que acusam seus ex-companheiros de “apóstatas odiosos”, “odiadores do povo de Deus”, “mentirosos”, “raivosos”, “cães que voltam ao vômito”, etc? São acusações vãs e sem comprovação! Há o risco de que, ao fazerem tais julgamentos de seus semelhantes e ex-companheiros de fé, poderão estar proferindo perigosas mentiras e falsos testemunhos, coisas que conduzem à condenação pela própria Palavra de Deus e pela LEI SECULAR que pune a quem difama ou calunia.

Os artigos nas publicações da organização em que ela condena e ensina seus membros a condenarem os que saem, rotulando-os do modo acima, é uma metodologia intimidatória que visa prevenir a evasão que já ocorre em vários países do mundo. – Veja o RELATÓRIO DE SERVIÇO DE 2001 em A Sentinela 1/1/02, páginas 19-22, e observe a queda ou estagnação na “obra” da organização em países desenvolvidos (mais esclarecidos), como França (-2%), Inglaterra (-1%), Espanha (0%), Suíça (-2%), Suécia (-1%), Áustria (0%), Bélgica (-2%), Japão (-1%).

Vale ressaltar que, mesmo em países como o BRASIL, ela tem tido um desempenho cada vez menor. Como assim? Se o leitor TJ pegar seus “ANUÁRIOS” de 1995 a 1998, verá que ela obteve (no Brasil) +6% de aumento EM CADA UM desses anos, mas em 1999 o crescimento nesse país foi de apenas +4%, em 2000 foi +5% e agora em 2001 foi somente +3%. Descobrirá que os índices mundiais de aumento da organização ao longo desses últimos 6 anos ficaram assim: em 1995 +5%, em 1996 +4,4%, em 1997 +3,6%, em 1998 +3,6% (novamente), em 1999 +2%, em 2000 +2,3% e em 2001 somente +1,7%, mostrando assim que, embora ela ainda esteja crescendo, há um visível declínio nos seus TÃO VISADOS índices de crescimento.

Contudo, é possível que a partir do atentado terrorista ao World Trade Center (EUA) do dia 11 de setembro de 2001 (mês em que ela começa o tal “ano de serviço”), a organização volte a crescer em algumas terras, assim como também florescerão e crescerão outros grupos religiosos, pois fato é que, em tempos de crise, as pessoas se agarram às religiões em maior número e com mais fervor.

Voltando ao assunto (sobre o espírito mostrado pela organização quando alguém resolve sair), outro fato curioso foi observar que os “anciãos” (dirigentes locais) das Testemunhas de Jeová mostraram-se perfeitas cópias de seu Corpo Governante em Warwick, EUA, seguindo seu sistema inquisitorial e soberano que regimenta as vidas de associados. E por que isso é “curioso”? Porque esses são os “homens da dianteira” sobre os quais a própria organização ensina que serão os futuros “príncipes da terra”. A organização ensina também que eles serão alguns dos “justos que herdarão a terra”. Ora, ao lermos o incrível relato de Raymond Franz, ex-membro desse conselho central (o Corpo Governante) das Testemunhas, e depois termos nós mesmos passado por tudo que passamos ali dentro, sabemos que esse é REALMENTE um padrão fixo de legalismo, de autoritarismo e abuso de poder ilegítimo. E o que é mais chocante, eles têm convicção de que estão a promover e executar a justiça divina.

Lamento profundamente que as coisas continuem assim na organização, tão longe do espírito amoroso, excelente, mostrado por Cristo! (Mateus 11:28-30) Que pena é ver o desperdício de recursos humanos e de tempo precioso! (Mateus 15:9)

Mas, afinal de contas, é realmente o “senso de justiça” aquilo que leva esses “homens da dianteira”, muitos deles sinceros em sua vontade de agradar a Deus, a investigar até mesmo o que seus companheiros cristãos lêem em seus lares? A aterrorizar seus associados com ameaças de expulsão ao menor indício de discordância, tachada de “apostasia”? Ou será apenas o empenho frenético e desenfreado de uma organização humana que teima em manter esterilizado seu ambiente (dito “teocrático”) por controlar informações que não devem ser dadas aos membros? Por que teme o escrutínio essa organização que diz levar “a verdade”?

  • Conceitos de Supremacia Religiosa

Estou convicto de que ações opressivas assim são também provocadas por um processo desumanizante, gerado por um forte sentimento de lealdade à organização. Isso faz com que até mesmo homens de coração bondoso, como conheci alguns entre as Testemunhas, não sintam remorso diante de deliberadas distorções de fatos e diante da expulsão e rejeição de seus anteriores amigos e companheiros. Penso no grande risco que essas pessoas correm ao apoiarem a organização nesse respeito, endossando seus julgamentos pesados, conforme nos alerta Provérbios 17:15.

Consequentemente, acredito que o conceito de superioridade religiosa, a premissa de se estar de posse da verdade divina ou sob a orientação do espírito de Deus, a insistência no exclusivismo e absolutismo religiosos de uma organização, etc, tudo isso coopera para transformar os anciãos em meros microcosmos de seus dirigentes maiores, o Corpo Governante. Ao obedecerem legalisticamente aos comandos destes dirigentes em Warwick, EUA, tais representantes locais são movidos a não aceitarem que seus companheiros cristãos possam pesquisar publicações tidas como “apóstatas”, provando assim que suas mentes estão narcotizadas por um tipo de regime reconhecidamente ditatorial que impõe o cerceamento de informações e da própria liberdade cristã por meio de ações e de matéria impressa. 

Por tudo isso, essas páginas objetivam esclarecer fatos às pessoas ao expor os verdadeiros e ÚNICOS motivos de nosso desligamento e dar a outras Testemunhas de Jeová, a oportunidade de pesquisar e exercer seu direito de conhecer dados que sua organização não lhes relata com a candura que promete no livro Proclamadores.

  • A Certeza da Decisão

No dia em que entregamos nossas cartas de desligamento, uma das muitas certezas que tínhamos era: estávamos mais seguros dessa decisão do que daquela no dia do batismo – ocasião na qual se faz um juramento solene de se servir a Deus e à “organização” que garante servir aos interesses do Reino de Deus na Terra.

Se é duro para o leitor ler agora as palavras que se seguirão nas cartas, também foi duro escrevê-las sabendo que elas acarretariam a enorme perda de amigos e familiares tão queridos, junto com muito padecimento emocional e psicológico.

  • A Razão das Cartas na Internet

Ainda assim, por amor à verdade, em nossa defesa e para o testemunho esclarecedor de muitos, que fale nosso próprio relato honesto às pessoas de coração sincero que podem ter sofrido, em algum momento de suas vidas, algum tipo de deslealdade e opressão em qualquer religião que professe “adorar a Deus com espírito e verdade”. (João 4:23-24)


  • Eis aqui as nossas 5 cartas de dissociação na íntegra:
 

  • Minha Carta de Dissociação :

De: Cid de Farias Miranda
Para: Corpo de Anciãos da Congregação Sudeste
Data e Local: Fortaleza, 21 de outubro de 1998

Prezados Irmãos do Corpo de Anciãos da Congregação Sudeste,

Quando me batizei em abril de 1979, recordo ter ouvido muitas vezes irmãos dizerem que “os homens eram imperfeitos mas que a organização era perfeita”. Acreditei nisso e defendi esta organização na minha medida de fé. Dois anos antes do meu batismo, porém, havia lido alguns livros “apóstatas” e sempre os achava amargos e cheios de ódio. Não gostava e nem gosto deles porque nunca tive dúvidas quanto às verdades bíblicas básicas que eles negam tais como a alma que morre, que Deus não é uma Trindade, não ir à guerra, etc…, embora outras religiões também creiam nestas verdades; os Unitários não creem na Trindade, os Adventistas não vão à guerra, acreditam no paraíso na terra, etc, os Cristadelfos não vão à guerra, não acreditam no inferno de fogo, nem na Trindade, etc. (Veja A Sentinela de 15 de janeiro de 1963, pág. 57). Várias religiões têm as nossas mesmas crenças em coisas que estão claras na Bíblia como o Resgate, a Ressurreição de Cristo, o fim do sistema de coisas, etc. Os motivos que me levam a abandonar, não a Jeová Deus, mas a organização que se auto–glorifica e se auto-recomenda como único canal aprovado por Ele, são:

01. Mat. 24:14 é um texto que várias professas religiões cristãs dizem estar cumprindo ao atingirem e aumentarem até mais do que nós, o seu número de adeptos. A Sociedade faz esta pregação principalmente de “porta em porta” que é uma modalidade”, embora o texto de Atos 20:20 diga em grego (Kat’óikon) “em vossos lares” e não “de casa em casa”, pois Paulo diz: “não me refreei de vos falar coisa alguma que fosse proveitosa, nem de vos ensinar publicamente e em vossos lares”. Este texto deixa claro que há um sentido distributivo e não consecutivo como se fosse “de porta em porta”. Outrossim, ele dá claramente a entender neste texto que primeiro pregava “publicamente” e depois visitava as pessoas “em seus lares”. Contudo, não quero aqui tirar o mérito de tal modalidade nem acho que ela não possa existir. O problema é O QUE, além das “Boas Novas” estamos levando; O QUE foi acrescentado ao longo de nossa história. Penso nas centenas de milhares de irmãos que foram e têm sido prejudicados através do que aprendem nas publicações da Sociedade Torre de Vigia, ou a organização (termo que inclusive parece soar muitas vezes como sinônimo de Jeová):

02. O não ao serviço alternativo (agora permitido) que levou a muitos serem presos, torturados, etc e que ainda assim, a Sociedade diz (por eles, é claro) que “estão felizes porque agiram de acordo com suas consciências” mas que de fato agiram conforme a “consciência” da própria Sociedade.

03. Os transplantes de órgão e frações do sangue permitidas e proibidas já por várias vezes, (ver “Visita de Pastoreio”, em anexo) colocando a Sociedade na condição de “culpada de sangue” tanto quanto ela acusa outras religiões.

04. As datas que têm sido marcadas mudando as vidas de muitos e que por tantos anos foram pregadas, divulgadas e fortemente incentivadas como certas.

05. As “comissões judicativas” sem precedentes bíblicos.

06. O processo da “desassociação” e dissociação (palavras e idéias que também se encontram sem precedentes bíblicos), inventados por Frederick Franz, com a aplicação do texto “removei o homem iníquo dentre vós” a todos os que, mesmo que por motivo de consciência, resolvam sair, fazendo com que as TJs sejam a única religião do mundo em que não se possa sair, em nenhum caso, de forma honrosa.

07. O modo desamoroso em que muitos pioneiros especiais, até mesmo os que professam ser ungidos (como conheço casos), são tratados quando não podem mais servir ficando sem aposentadoria, etc, e o duplo critério aos ungidos brasileiros e de outras nações como se fossem “ungidos do 3º mundo e de 3ª categoria” — quando os ungidos da sede em Brooklyn recebem todos os cuidados necessários e amorosos, etc.

08. O ensinamento que nos faz realmente diferentes das outras religiões: 1914 e minha certeza de que em 1914 nada do que é dito cegamente com relação à entronização de Cristo ocorreu, pois há registros de que Charles Taze Russel havia lido escritores mais antigos nos quais baseou todos os seus cálculos (principalmente na Grande pirâmide de Gizé a que ele visitou e estudou, pois ele era um piramidólogo- Veja a foto do túmulo de Russel anexa).

09. Uma das coisas que mais me chocou foi saber que a Sociedade escondeu a questão sobre os duplos critérios aplicados aos irmãos em Malauí e México, questão esta que está muito bem documentada nas cartas da Sociedade em “Crise de Consciência” de Raymond Franz, ex-membro do Corpo Governante. Mentiras? Se fosse assim, acredito que ele estaria preso, pois no EUA difamar ou caluniar alguém daria cadeia, com certeza. No entanto, a Sociedade nada poderá fazer se encontramos sua “assinatura” nestas cartas e o livro se encontra publicado desde 1983 em inglês e em outras línguas.

10. A Sentinela 01/08/82 – pág. 27: “A menos que estejamos em contato com este canal de comunicação usado por Deus, não avançaremos na estrada da vida, não importa o quanto leiamos a Bíblia.” Compare esta afirmação com João 14:6: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.” Isto me leva a crer o que afirmo no final do ponto 1 sobre a autoridade do “Corpo Governante” (termo sem base bíblica sendo uma única reunião de anciãos registrada em Atos 15:29) como professo instrumento legítimo usado por Jeová Deus.

11. Passei muito tempo me fazendo estas perguntas:

A. Tem Deus uma “organização” na terra – uma do tipo aqui em questão – e que usa um Corpo Governante para dirigi-la? Onde faz a Bíblia tais declarações?

B. Que a esperança celestial não está disponível a toda e qualquer pessoa que a adote, que ela tem sido substituída por uma esperança terrena (desde 1935) e que as palavras de Cristo com relação ao pão e o vinho emblemáticos, “Fazei isto em memória de mim”, não se aplicam a todas as pessoas que depositam fé em seu sacrifício resgatador? Que textos bíblicos fazem tais declarações?

C. Que o “escravo fiel e discreto” é uma “classe” composta só de certos cristãos, que não pode ser aplicado a indivíduos, e que esta opera por meio de um Corpo Governante? Novamente, onde faz a Bíblia tais declarações?

D. Que os cristãos estão divididos em duas classes, com uma relação diferente com Deus e Cristo, com base num destino terreno ou celestial? Onde se diz isto?

E. Que os 144.000 em Revelação devem ser entendidos como um número literal e que a “grande multidão” não se refere, e nem pode se referir, a pessoas que servem nas cortes celestiais de Deus? Em que parte a Bíblia diz isto?

F. Que os “últimos dias” começaram em 1914, e que quando o apóstolo Pedro (em Atos 2:17) falou dos últimos dias como se aplicando de Pentecostes em diante, não queria dizer os mesmos “últimos dias” que Paulo mencionou (em 2 Timóteo 3:1)? Onde?

G. Que o ano civil de 1914 foi o ano em que Cristo foi oficialmente entronizado pela primeira vez como Rei sobre toda a terra e que essa data do calendário marca o início de sua parousia? Onde?

H. Que quando a Bíblia diz em Hebreus 11:16 que homens tais como Abraão, Isaque e Jacó estavam “procurando alcançar um lugar melhor, isto é, um pertencente ao céu”, não há possibilidade alguma disto significar que eles teriam vida celestial? Onde?

Assim, meus irmãos, nenhum único ensino da Sociedade aí considerado pode ser apoiado por qualquer declaração óbvia e direta das Escrituras. Cada um destes exige por sua vez explicações complicadas, combinações complexas de textos e, em alguns casos, o que se poderia considerar como uma ginástica mental, na tentativa para apoiá-lo. Mesmo assim, estes ensinos foram usados para julgar o cristianismo das pessoas, foram apresentados como base para determinar se as pessoas que tem devotado suas vidas no serviço a Deus são apóstatas!

Assim, reafirmando meu amor por todos os meus irmãos, vou orar para que todos vocês façam seu próprio julgamento sobre o que aqui coloco sinceramente. Continuo acreditando e jamais vou deixar de acreditar, em tudo aquilo que a Bíblia diz e não me considero um “apóstata”. Mas, por motivo de consciência, e convicto de que, embora esta organização ensine muitas coisas boas e produza ainda muitas pessoas honestas, (compare com a revista “Veja” 14/10/98 pág. 34, anexo) peço o meu total desligamento e vínculo com a Sociedade Torre de Vigia e despeço-me daqueles com os quais tenho convivido, não porque não mais desejo sua boa associação, mas por saber que não mais me será permitido falar com os mesmos, nem me associar livremente com todos.

Atenciosamente,

Cid de Farias Miranda.

 

  • A Carta de Dissociação de Meu Cunhado, William do Vale Gadêlha


Fortaleza, 22 de outubro de 1998.

Ao Corpo de Anciãos da Congregação Sudeste,

Após muitos meses de cuidadosa análise e pesquisa com relação a inúmeras dúvidas sobre os erros da organização, cheguei às conclusões que passo a expor:

– A Sociedade Torre de Vigia (ou Corpo Governante) cometeu diversos erros, ao longo dos anos, quando se pronunciou sobre assuntos como vacinas, transplantes de órgãos, frações de sangue, serviço civil alternativo e datas para o fim do sistema de coisas (1874, 1914, 1925 e 1975).

– Em alguns destes casos, houve a mudança de posição para depois se retornar à anterior, evidenciando a falta de base para a posição. Muitas destas posições foram impostas à comunidade mundial das Testemunhas de Jeová, sem que para isso houvesse UMA SÓLIDA RAZÃO BÍBLICA (ex.: serviço alternativo).

– O Corpo Governante afirma ser DIRIGIDO ou GUIADO por Jeová, o que é impossível, já que, sob ORIENTAÇÃO DIVINA, não se pode chegar ao erro. (Deut. 32:4). Os apóstolos também eram imperfeitos, como homens, mas INSPIRADOS POR JEOVÁ, transmitiram por meio das escrituras uma orientação segura.

– Creio sinceramente que o ÚNICO MEIO pelo qual Jeová dirige as pessoas hoje em dia é a BÍBLIA SAGRADA. As pessoas individuais ou organizações religiosas são guiadas por Deus na exata proporção em que tomam decisões baseadas nas ESCRITURAS.

– Por ter causado, no passado, mortes e danos em função das orientações relacionadas a vacinas, transplantes de órgãos e frações de sangue, a Sociedade se tornou CULPADA DE SANGUE, bem como trouxe vitupério a Deus e à sua Palavra por causa das profecias HUMANAS não cumpridas. Neste século, centenas de milhares de pessoas TROPEÇARAM por causa disso, muitas perdendo a fé não apenas na organização, mas também em Deus e na Bíblia. (Mat. 18:7)

– Afirma-se que Deus tem de ter uma organização, e no entanto, durante MAIS DE QUINZE SÉCULOS, não há qualquer registro de alguma organização tal como a hoje dirigida pela Sociedade Torre de Vigia, tendo Jeová, durante todo esse tempo, tido seus adoradores individuais (livro Proclamadores – pág. 44 – quadro)

– Creio em Jeová, Cristo e na Bíblia e em todos os ensinos CLARAMENTE DELINEADOS NA PALAVRA DE DEUS. Não me sinto obrigado aos ENSINOS DA SOCIEDADE que foram “ALÉM DAS COISAS ESCRITAS.”

– Tampouco me considero “apóstata”, pois pedi a dois homens maduros e experientes da organização (que foram à minha casa) que me mostrassem BIBLICAMENTE a minha culpa de apostasia; qual o ensino bíblico apostólico contra o qual eu me rebelei. NENHUM DELES CONSEGUIU FAZÊ-LO.

O que me restava? De início pensei em evitar o curso que me levaria à perda de amigos queridos, a quem continuarei a amar, angariados ao longo de 24 anos passados na organização. Mas logo ficou evidente que seria uma vida de fingimento que não faria bem nem a mim, nem aos outros. Poderia também ter considerado apenas algumas coisas boas e proveitosas (BASEADAS NA BÍBLIA) que a Sociedade ensina. Mas ela mesma destaca que é preciso concordância total, “100% de certeza” da parte de alguém para permanecer em sua religião (Despertai! 8 de setembro de 1987, págs 8-11). No mesmo artigo, destacou-se que o membro de uma religião partilha da responsabilidade por tudo que ela ensina e faz. Não quero mais partilhar da responsabilidade por tudo que aqui foi mencionado.

A um dos poucos com quem comentei o assunto, perguntei se a Sociedade tinha ou não desconsiderado Atos 1:7 (datas preditas). Ele disse NÃO! Sobre o mesmo assunto, perguntei a outro irmão se a Sociedade não se classificava como falso profeta, segundo Deut.. 18:22: “… quando o profeta falar em nome de Jeová e A PALAVRA NÃO SUCEDER NEM SE CUMPRIR, esta é a palavra que Jeová NÃO falou. O profeta proferiu-a PRESUNÇOSAMENTE. Não deves ficar amedrontado por causa dele.” Também, Jeremias 23:21 – “Não enviei os profetas, no entanto, ELES MESMOS correram. Não falei com eles, no entanto, ELES MESMOS PROFETIZARAM.” – a resposta foi NÃO! Se ela não tinha ido “além das coisas escritas” (transplantes, serviço alternativo, etc), outro NÃO! Se ela é ou não culpada de fazer tropeçar inúmeros seres humanos (datas). Mais um NÃO!

De tudo isso só posso considerar que, para muitos irmãos a Sociedade (ou Corpo Governante) paira sobre as cabeças de todos nós como a entidade que está ACIMA das leis e dos requisitos do próprio Deus, autorizada a impô-los aos outros enquanto ela mesma não se deixa reger por eles. A Sociedade pôs a si mesma como CANAL INDISPENSÁVEL à conquista da vida eterna, um mediador extra ALÉM DE CRISTO. A Sentinela 01/08/82 – pág. 27: “A menos que estejamos em contato com este canal de comunicação usado por Deus, não avançaremos na estrada da vida, não importa o quanto leiamos a Bíblia.” Compare esta afirmação com João 14:6: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.” .. Em vista de tudo isso, comunico e peço por meio desta, meu total desligamento de qualquer vínculo com a organização dirigida pela Sociedade Torre de Vigia, passando daqui para frente a um relacionamento pessoal com Jeová Deus, sem outro mediador se não o biblicamente designado.

Quanto a comparecer diante de uma comissão judicativa, digo: é possível alguém arrepender-se de um ato de imoralidade; ou de embriaguez; é possível arrepender-se de furto ou até mesmo de assassinato. Porém, como “arrepender-se” de uma opinião formada com base nas escrituras? Portanto, aplico ao meu caso as palavras de 1Cor. 4: 3, 4:

“Ora, para mim é um assunto muito trivial o de eu ser examinado por vós ou por um tribunal humano. Até mesmo eu não me examino a mim mesmo. Pois não estou cônscio de nada contra mim mesmo. Contudo, não é por isso que eu seja mostrado justo, mas quem me examina é Jeová.”

Atenciosamente,

William do Vale Gadêlha

  • A Carta de Dissociação de Minha Amada Esposa, Silene Gadêlha Miranda

Fortaleza, 25 de outubro de 1998

Ao Corpo de Anciãos da Congregação Sudeste,

O motivo de minha relutância até agora em pedir para sair desta organização, não se deve a dúvidas sobre se ela é ou não a religião aprovada por Deus, pois várias evidências bíblicas já provaram que não é, porém por causa da privação imposta de não poder mais conviver livremente com pessoas tão queridas por mim; pessoas para quem agora serei como uma estranha e daí a razão de tanto sofrimento emocional pelo qual tenho passado nestes últimos dias.

Esse não reconhecimento pela organização dos sentimentos que aproximam as pessoas naturalmente, faz dela o maior dos estranhos para mim agora, pois ela faz com que tais sentimentos fiquem à margem, impotentes. Esta organização quase me fez desacreditar no amor genuíno entre as pessoas, em relacionamentos sinceros, incondicionais. Este é meu legado depois de 20 anos dentro desta organização que diz levar o nome de Deus, e, no entanto, desonra-O e O difama por dar mau testemunho do amor, Sua qualidade principal, cujo espírito permeia toda a escritura, em contraste com o apego a normas, leis, dogmas e regulamentos, marca registrada dos fariseus dos dias de Jesus. (Mat. 23) Estou cansada de ver pessoas serem avaliadas por números produzidos como numa grande empresa; número de horas gastas, número de revistas colocadas, número de estudantes, etc; e não pela espécie de pessoas que são no seu íntimo, pela bondade sincera que demonstram em seu coração.

Quando se entra, a Sociedade nos limita à associação dentro do círculo “seguro” da congregação, nos oferecendo uma irmandade internacional. Do que vale isto, se este amor é facilmente manipulável e condicionado a um tolhimento da liberdade de expressão existente apenas em regimes opressores e terroristas? E mais, para termos nosso passe garantido, temos de abdicar de nossa consciência individual de seres livres – dom dado pelo próprio Deus – em prol de uma consciência organizacional, sujeita a falhas e tentativas empíricas.

Uma religião que adequa a Bíblia para encaixar suas doutrinas de acordo com seus interesses que confunde Deus com a organização, difamando assim Seu nome por fazer recair sobre Ele os próprios erros dela.

Num primeiro momento, a proposta bíblica de paraíso na terra algo muito atraente para as pessoas que vivem angustiadas pelas intempéries deste sistema e, por isso, todo o pacote restante de doutrinas e regras humanas é facilmente aceito sem questionamentos, embora nunca compreendido. Mas as dúvidas quanto a este conjunto de doutrinas erradas existem dentro de cada um de nós, latentes, pedindo para vir à tona, e isto um dia acaba acontecendo com muitas pessoas sinceras.

Estou saindo desta casta de pessoas “superiores” para me tornar uma pessoa simples, comum. Tendo em vista que um dia fui enganada por algo no qual depositei tanta fé, hoje me sinto descrente, tendo que lutar para resgatar o genuíno amor por Deus e seu filho Jesus Cristo e reaprender a viver. Desta forma, esta organização foi para mim uma pedra de tropeço, tendo prejudicado minha relação com Deus.

Arrependo-me de um dia ter ingressado nesta organização e ter desperdiçado meu tempo, minhas energias e meus sentimentos com pessoas que, não por sua própria vontade, mas por sofrerem uma programação intensa da Sociedade, hoje me viram as costas.

Comunico o meu desligamento da Sociedade Torre de Vigia e despeço-me reafirmando meu amor por todos vocês e ao mesmo tempo abdicando dele, já que a organização me impõe tão desamorosa, inflexível e injusta sentença.

Atenciosamente,

Silene Gadêlha Miranda

  • A Carta de Dissociação de Minha Cunhada, Adriane Gadêlha de Oliveira

De: Adriane Gadêlha Oliveira

Para: Corpo de Anciãos da Congregação Sudeste

Local e Data: Fortaleza, 25 de outubro de 1998

Venho, através desta, comunicar minha saída dessa organização religiosa da Torre de Vigia por ter firme convicção de que seu Corpo Governante não tem qualquer ligação com a vontade de Jeová Deus; que sua maneira de agir não reflete o amor e o perdão que Jesus tanto pregou e sim, as idéias de homens.

Acredito que o verdadeiro cristianismo não pode ser apenas fruto de um programa de intensas atividades em uma obra que culmina em “estudos bíblicos” totalmente comprometidos com o ensino de regras e dogmas que servem para fazer funcionar uma organização que dá exagerada ênfase aos seus dirigentes, (ou seu Corpo Governante), os quais, por vezes, obscurecem a figura do próprio Cristo. (Mat. 23:10-12) Comprovei que essa organização, que luta tanto pela liberdade de expressão onde a obra é proscrita, nega esta mesma liberdade aos seus membros, como se eles não tivessem capacidade nem direito de agir de acordo com suas próprias consciências. Sinto que esta organização, durante todo este tempo, colocou-se como um outro mediador além de Cristo, contradizendo assim a Bíblia. E é essa organização que se diz “a organização de Deus”.

Portanto, considero absurdo o convite para uma comissão de julgamento sem motivos ou provas plausíveis, apenas por ter exercido minha liberdade de expressão. Tais comissões judicativas, na grande maioria dos casos, visam fundamentalmente a “limpeza da organização” e desumanizam quaisquer pretensos apelos de “ajuda amorosa”, pois colocam as pessoas umas contra as outras (mesmo familiares) incentivando-as à delação. A maior prova disso são as próprias táticas de intimidação da Sociedade e a desamorosa tentativa dela de sempre tentar extrair informações de pessoas inocentes que são proibidas de contestar as pretensas “verdades” e “luzes” que o Corpo Governante acende e apaga mesmo que isso signifique prejuízo para muitos. Por que não têm todas as Testemunhas de Jeová o direito à liberdade de expressão e não podem entender por si mesmas a palavra de Deus, “não importando o quanto leiam a Bíblia”? Terá sido a Bíblia escrita para nós, pessoas comuns, ou para um pequeno e pretensioso grupo encarregado de “explicá-la” como diz a Sentinela 01/08/82 – pág. 27:

“A menos que estejamos em contato com este canal de comunicação usado por Deus, não avançaremos na estrada da vida, não importa o quanto leiamos a Bíblia”.

Não concordo absolutamente com essa afirmação. Acho que, ao invés de cultivar tal atitude exaltada e enaltecida que tem sido cansativa e exaustivamente repetida em tantas publicações, os 10 atuais membros do Corpo Governante deveriam estimular os cristãos ao que nos recomenda a Bíblia em Atos 17:11 e 2Cor.13:5 “

“Ora, estes últimos eram de mentalidade mais nobre do que os de Tessalônica, pois recebiam a palavra com o maior anelo mental, examinando cuidadosamente as escrituras, cada dia, quanto a se estas coisas eram assim.”

“Persisti em examinar se estais na fé, persisti em provar o que vós mesmos sois”.

Quero explicitar que tenho convicção de que esta Sociedade (Corpo Governante) tão auto-glorificada e pretensiosa é, para mim, tão falsa do ponto de vista cristão e bíblico quanto as demais que agem de forma igual ao usarem líderes humanos que se colocam como únicos canais usados por Deus. Ademais, não houve nenhuma outra organização, em nenhuma parte do registro bíblico, como esta aqui tratada. Esta “Sociedade” ainda leva maior culpa, pois, além de errar tanto em suas profecias e “entendimentos”, não permite que as pessoas tenham direito de raciocinar, falar o que pensam, ouvir, ler outras publicações ou contestar sua estrutura de poder, obrigando seus adeptos a se comportar como máquinas que não têm vontade própria e a engolir tudo o que ela lhes diz sem questionar como se fossem coisas da “vontade de Deus”, quando são simplesmente de homens. Naturalmente, enxergo claramente que tal comportamento doentio é produto da mente de líderes escravizados a conceitos errôneos e regras, como o eram os fariseus. São critérios de homens que falam pretensiosa e impunemente sobre assuntos que caberiam apenas a cada cristão ponderar e tentar fazer a melhor escolha de acordo com suas próprias consciências.

Quando criticam os padres por causa de seus confessionários humanos, estão hipocritamente repetindo os erros deles com dupla culpa: 01. Por repetir o erro de obrigar as pessoas a confissões antibíblicas diante de pessoas não autorizadas por Deus. 02. Por adicionar julgamentos pesados a “disciplinas” (penitências) rígidas que não têm registro na Palavra de Deus, como a “Desassociação”, etc.

As comissões judicativas têm causado a perda da dignidade humana de muitos que são instados a relatar assuntos pessoais e de sua privacidade. Isto tem provocado grande drama emocional e angústia mental para tais pessoas que supostamente são “ajudadas”.

Sei que vou errar sempre devido a minha imperfeição humana, mas terei “um ajudador” melhor do que esta organização legalista e inflexível. E é por estar ciente da natureza pecaminosa de todos os humanos que irei sempre confiar em meu Deus de quem Seu servo Davi declarou no Salmo 19:12-14:

“Enganos – quem pode discernir? Declara-me inocente de pecados escondidos. Refreia também teu servo de atos presunçosos; não deixes que me dominem. Neste caso serei completo e terei permanecido inocente de muita transgressão. As declarações de minha boca e a meditação de meu coração, tornem-se elas agradáveis diante de ti, ó Jeová, minha Rocha e meu Redentor.”

Sinceramente,

Adriane Gadêlha Oliveira

  • A Carta de Dissociação de Minha Cunhada, Andréa Forte Gadêlha

Fortaleza, 24 de outubro de 1998

Ao Corpo de Anciãos da Congregação Sudeste,

Venho por meio desta, comunicar ao corpo de anciãos da congregação Sudeste, o meu desligamento da organização da Sociedade Torre de Vigia, por estar convicta depois de muitas reflexões, que esta não é a religião verdadeira.

Quero expressar também que o meu amor ao meu querido Deus Jeová continua inabalável e minha fé “exclusivamente bíblica” continua firme e forte.

É triste depois de tantas amizades, ver que sair dessa Organização é um processo bastante doloroso, pois temos que nos afastar daqueles a quem amamos sem que nenhum de vocês possa biblicamente me mostrar que pecado cometi para tal julgamento, que com certeza não vem do Pai.

E quando vejo bem clara a frase tão proferida em tantos discursos: “não julgueis para não serdes julgados”, percebo que enquanto estive nessa Organização, inúmeras vezes se fez o contrário do que se proferia e assim lembro-me dos Fariseus que estavam aparentemente “limpos por fora, mas imundos por dentro…”

Quero também expressar que os meus sentimentos de carinho e gratidão para com muitos irmãos continuam guardados no meu coração e não os culpo por não enxergarem a trave que está em seus olhos, mas pediria que fizessem uma auto-análise para realmente em sã consciência nos seus pensamentos verem se realmente não tenho razão.

Sei que em prol desta Organização muitos deixaram famílias, trabalhos, faculdades e depois de tanta abdicação é difícil voltar atrás.

Acredito que independentemente de religião, o esforço de cada um de vocês será contado por este Pai amoroso que percebe as motivações de cada coração que quer servi-lo, assim como eu que desde pequena, o quis e continuarei com este pensamento até o fim dos meus dias, e sei que por mais humildes que tenhamos de ser, sempre existe uma vaidade de se ocupar um lugar de destaque, seja dentro da religião ou em qualquer outro lugar no qual nos sintamos valorizados e isso também pesa bastante para nos prendermos a esses lugares.

Quero dizer também que aprendi muitas coisas boas das quais levarei como ensinamento para o resto de minha vida, pois não divergem das escrituras. Em qualquer lugar que formos ou qualquer pessoa que venhamos a conhecer, sempre poderemos absorver o que de melhor elas têm para nos oferecer para com certeza sermos pessoas melhores, e foi isso que tentei e tento fazer apesar da minha imperfeição.

E agora, agradeço a Jeová por saber que apesar de todos vocês desejarem ser advogados das minhas convicções, minha liberdade de pensamento e faculdade de raciocínio, seus julgamentos se limitam apenas a esta religião, pois sabemos que só quem conhece o meu ser é Jeová Deus. Este pode me julgar com perfeição. Assim, me sinto feliz por saber que não estou mais debaixo de julgamentos puramente humanos, falíveis e imperfeitos e assim me lembro do exemplo de Maria Madalena do qual Cristo disse que atirassem a primeira pedra quem não tivesse pecado.

A verdade jamais temerá a mentira. Se investigássemos a verdade dos fatos, talvez descobríssemos que por muito tempo estávamos vivendo numa mentira.

Sinceramente,

Andréa Forte Gadêlha

 

  • NOTAS CONCLUSIVAS:

Outras Pessoas Têm Saído por Motivo de Consciência

Logo depois de nossa saída, Tancy, uma senhora bondosa, casada e mãe dedicada de duas lindas crianças (coleguinhas de meus filhos), foi desassociada. Seu “pecado terrível”? Havia chamado William para conversar em sua casa e indagou o motivo dele ter saído. Ao ser investigada por dois anciãos, ela confirmou isso e disse que não se arrependia desse ato simples – receber uma visita em sua casa, alguém por quem ela ainda tinha carinho e admiração.

Muitas outras Testemunhas de Jeová recebem o mesmo tratamento e os casos aumentam em números cada vez maiores.

Logo depois do que ocorreu à sra Tancy, mais dois jovens Testemunhas de Jeová que foram flagrados em visita à minha casa, foram chamados para comparecer diante de comissões judicativas e terminaram sendo desassociados também.

Alguns que já chegaram a entrar em contato conosco através da Internet ou de outro modo, quando flagrados ou por confessarem isso, foram também implacavelmente expulsos da organização e a partir daí, considerados como “apóstatas terríveis”.

  • Pesados Julgamentos

O cristianismo dessas pessoas, então, passa a ser considerado inválido, ofensivo e repugnante aos olhos daqueles a quem elas próprias julgavam ser “os melhores e mais confiáveis amigos”, como a organização ensina e como queriam crer.

Constata-se, com profunda e sincera tristeza, que a atitude de muitas pessoas que permanecem na organização está muito longe de trazer o “sinal identificador dos verdadeiros cristãos, o amor”, tão anunciado pela própria Sociedade. Ao contrário, quaisquer que tenham sido as anteriores demonstrações de amor de muitos destes irmãos, estas infelizmente passam a dar lugar a um ESTRANHO e IMEDIATO sentimento de repulsa por qualquer um que ouse discordar dos ensinos da Sociedade Torre de Vigia. Por sua vez, a organização (auto-eleita como “governada por Deus” – KS, página 144 – subtópico) por encorajar tal comportamento anticristão, desamoroso e injusto, mostra que REALMENTE desonra ao Deus de amor pois fomenta a intolerância e instiga o ódio às pessoas por meio de ensinos como esse, puramente humanos. (Mateus 15:9)