Sobre as Testemunhas de Jeová
O Que Dizer da Religião Verdadeira – Cid Miranda
O Que Dizer da Religião Verdadeira – Cid Miranda

O Que Dizer da Religião Verdadeira – Cid Miranda

Copyright © 2000 Cid Miranda

Atualizado 2021

Encerrando algumas modestas pesquisas (e elas não são parte de algum “conjunto de verdades divinas” ou a “verdade revelada de Deus” ou coisas do tipo), concluí que o “ajuntamento” de pessoas do tipo “ovelhas de Cristo” tem ocorrido do primeiro século aos nossos dias. Mas tais pessoas não se acham confinadas em um só rebanho religioso. Ao contrário, encontram-se espalhadas por todos os lugares, dentro e fora dos pátios das religiões do mundo; são simplesmente ovelhas pertencentes a Cristo e não ovelhas de um aprisco especial, propriedade mantida por uma pretensa e auto-proclamada “religião verdadeira”.

Jesus disse: “Estarei convosco até a consumação dos séculos” (Mateus 28:20) ou como possam verter outras traduções.

Onde estavam esses homens fiéis durante os quase 15 séculos em que a igreja católica foi a única a controlar ou ter o monopólio da alegada religião “cristã”? Deixou Cristo de ter uma igreja (“Eclesia”- congregação ou ajuntamento de pessoas) dele? Ou estavam eles espalhados em várias partes do mundo falando de Cristo, de seu Resgate, da Ressurreição dos Mortos e de outras doutrinas básicas que estão claras na Palavra de Deus?

É bom lembrar que Lutero só pregou as suas 95 teses na Catedral de Wittenberg, na Alemanha, em 31 de outubro de 1517. Ali ele defendeu o “Livre Exame” das Escrituras que era uma idéia oposta ao “Magistério” (conjunto de ensinos da Igreja Católica na época).

Posteriormente, a questão do “Livre Exame” começou a se espalhar e pessoas como Calvino (Fundador da Igreja Protestante na Suíça que depois tornou-se a Igreja Reformada na Holanda e a Igreja Presbiteriana na Escócia) passaram a estabelecer seus postulados em várias partes do mundo. No caso de Calvino, ele instituiu suas idéias em Genebra. Infelizmente, este tão aclamado “Livre Exame” gerou toda uma onda de sectarismo e autoritarismo religiosos que se estendem aos dias de hoje.

Um exemplo típico desse exacerbado autoritarismo e de intolerância religiosa foi o trágico fim de um famoso médico espanhol, Miguel Servet que, por ordem do próprio Sr. Calvino, que havia sido beneficiado com o direito de examinar livremente as Escrituras, ordenou que ele, Servet, fosse literalmente assado numa grelha como apóstata (ou herege) por não aceitar o ensino da Trindade defendido por Calvino e seus seguidores.

Como podemos deduzir dessa experiência de Calvino, os que tinham agora o direito de fazer o “Livre Exame” das Escrituras, não queriam dá-lo aos seus semelhantes contemporâneos. Isso ainda continua a ocorrer e é a prática comum sempre que uma religião acha possuir “A Verdade” como é o caso da Torre de Vigia que assevera ter o monopólio dessa verdade, punindo e expulsando de seu meio qualquer um que conteste seu “Livre Exame das Escrituras” que só pode, e só deve ser feito por ela conforme lemos em A Sentinela, 1º de janeiro de 1974, pág. 18:

“Esta é a única organização na terra que compreende as ‘coisas profundas de Deus'”.

Ou como nos diz A Sentinela 15 de Setembro de 1983, página 14, parágrafo 3:

“O que requer Deus daqueles que residirão para sempre no Seu Paráiso Terrestre? …O terceiro requisito é estarmos associados com o instrumento usado por Deus, a Sua organização. Deus sempre usou uma organização…; …Para recebermos a vida eterna no paraíso terrestre, precisamos identificar essa organização e servir a Deus COMO PARTE DELA…”

O livro Poderá Viver para sempre…, página 190 , par. 19 e 20, sob o subtópico “uma só religião verdadeira”, afirma:

“É somente lógico que haja uma só religião verdadeira…; quem, então, são os que formam o corpo de verdadeiros adoradores hoje? Não hesitamos em dizer que são as Testemunhas de Jeová.”

Ou o que afirma essa mesma publicação na página 255, parágrafo 14:

“Não conclua que existem várias estradas, ou caminhos, que poderá utilizar para ganhar a vida no novo sistema de Deus. EXISTE APENAS UMA…; VOCÊ PRECISA PERTENCER À ORGANIZAÇÃO DE JEOVÁ e fazer a vontade de Deus a fim de receber Sua bênção de vida eterna.”

Mas a Torre de Vigia de Bíblias e Tratados é apenas mais uma religião que se auto-promove como “A Religião Verdadeira” ou “A Verdadeira Igreja”, a única com poder de fazer com que pessoas (pasme o leitor) recebam o dom da vida eterna!

Essa tendência tem criado o conceito de “Donos Exclusivos das Verdades da Bíblia”; isso tem contribuído para gerar conflitos e maior intolerância.

Como se pode observar pelo exemplo de Calvino, uma monstruosa intolerância religiosa desenhou um triste risco no quadro da História (isso para não falar das aberrações da Inquisição, etc). Contudo, mais deprimente ainda é constatar que em pleno século 21, a tendência da autoridade religiosa para dominar ao invés de servir, continua se instalando ardente e profundamente nas religiões ditas “cristãs” causando pressões psicológicas, danos emocionais e crises espirituais mesmo nos dias de hoje. A Sociedade Torre de Vigia não foge à regra!

Mas o que dizer de outras religiões que afirmam direcionar ovelhas à pessoa do Cristo?

Ao entabular uma conversa com dois adeptos de diferentes igrejas protestantes e lhes perguntar se alguma Testemunha de Jeová poderia ser salva, eles responderam de imediato, sem pestanejar: “NÃO! Elas negam a divindade de Jesus e o tem como ‘deus menor'”.

Observa o leitor, nessa atitude de intolerância religiosa, a enorme semelhança entre todas as religiões fundamentalistas e exclusivistas? Não aceitar um de seus inúmeros artigos de fé como a Trindade é condenar-se a si próprio ou cometer o “pecado imperdoável” contra o espírito santo de Deus e por isso merecer o julgamento adverso de Deus.

As Testemunhas de Jeová não são diferentes quando também fazem tais condenações arbitrárias sobre ex-Testemunhas e a membros de outras religiões que adoram a um “deus de 3 cabeças” (como se referem à Trindade).

Uma coisa particularmente intrigante é o fato do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová afirmar que as verdadeiras boas novas só vieram à existência no século 19, com Russell (A Sentinela de 15 de maio de 1981, páginas 28, 29). Mas onde fica então a promessa de Cristo em Mateus 28:20 quando ele próprio garante que ESTARIA COM OS SEUS SEGUIDORES ATRAVÉS DOS SÉCULOS ATÉ À TERMINAÇÃO DO SISTEMA DE COISAS? Sendo assim, se eles então existiram (de acordo com essa promessa feita por Cristo), O QUE estiveram pregando esses seus seguidores através dos séculos até agora? Sobre que “conjunto de verdades” (como a Sociedade se refere aos seus ensinamentos) falavam essas pessoas? Finalmente, se durante 19 séculos não existiria uma “verdadeira organização de Deus”, (como se auto-intitula a própria Sociedade Torre de Vigia) onde e como se encaixa essa garantia de Jesus?

É por este motivo e por tantos outros que se conclui que não adianta alguém tentar encontrar uma “igreja verdadeira” ou a “religião ideal”. Terminologias como essas, foram cuidadosamente elaboradas por muitas religiões do mundo com o propósito de arrebanhar ovelhas para depois mantê-las cativas, aprisionadas em seus próprios apriscos “seguros”, fora do mundo apartado de Deus.

Grande parte das religiões que afirmam ser “a verdadeira”, surgiram há bem pouco tempo no mundo e principalmente nos Estados Unidos. Entre elas, temos a Igreja Mórmon, o Adventismo, a Assembléia de Deus, e as Testemunhas de Jeová. Todas dizem cumprir profecias bíblicas para os nossoss dias e alegam ter representantes terrestres de Deus para falar ao povo Dele. A Bíblia alertou sobre essa tendência em Mateus 7:21-23.

O fato é que há graves problemas oriundos do conceito de “Religião Verdadeira”. Comumente, tal alegação produz divisões pela supremacia religiosa e exclusivismo, por vezes fanático e impiedoso. Essa luta se consolida facilmente quando os líderes de movimentos religiosos endossam papéis perigosos a homens imperfeitos. Mesmo algumas religiões que surgiram com o esforço de pastores humildes, presenciaram os efeitos dessa tendência ao verem seus líderes afirmarem que eram “especialmente escolhidos, detentores de uma missão divina”, etc. Quase sem exceções, esses homens se arvoraram de “mensageiros”, “arautos”, “guias”, “escravo fiel e discreto”, etc, tomando um bom número de seus semelhantes como reféns de um pacote de regras de adoração extra-Bíblia, de um novo conjunto de ensinos “bíblicos”, “novas luzes” ou “revelações”, subordinando suas ovelhas a doutrinas e ensinamentos falhos, muitas vezes danosos.

Algumas pessoas, no entanto, por necessidades muitas vezes puramente emocionais, vêem pontos positivos ou “vantagens” nas religiões hodiernas: amizades que vão se consolidando através dos anos; o encorajamento de pessoas que lhes são familiares em tempos de crises; a aprovação de parentes da mesma denominação religiosa, etc. Sentem-se em “segurança espiritual” e “mais próximos de Deus” ao se ajuntarem em igrejas, templos e “Salões do Reino”.

Por incrível que pareça, muitos que buscam tais religiões organizadas, sentem-se “bem” e até aprovam os “freios” que a religião lhes inflige através de pastores que lhes ditam regras de conduta além das contidas na Bíblia. Para tais “ovelhas”, uma espécie de casulo religioso exclusivista “severo” é justificado usando-se Heb. 10:24, 25, embora a Bíblia aqui não defina em que igreja se cumpriria esse texto e o próprio Cristo tenha nos garantido que bastariam “2 ou 3 em nome dele” para estar no meio deles. Mas até essas “ovelhas”, ao usarem a razão, discernem grandes desvantagens nos modelos de tais “reuniões cristãs” em nossos dias, como o pungente legalismo religioso.

Enquanto alguns se esforçam em lutar pela liberdade cristã responsável, muitos fazem questão de buscar “freios” – de que supõem precisar – numa “religião verdadeira”. Com o tempo, contudo, tais “freios” tornam-se suas algemas mentais, psicológicas e espirituais, frutos da convivência com companheiros “cristãos” que se transformam em juízes e “amos de sua fé”.

O que nos resta, então? Seguir aquela que consideramos “a melhorzinha”? Simplesmente e comodamente aderirmos à nossa tradição religiosa familiar, recolhendo-nos às nossas “herdadas” conchas de complacência? Ir levando de qualquer jeito sem mexer em nada? Entregar nossas mentes e corações imperfeitos e desesperados (Jer. 17:9) à camisa de força de alguma organização religiosa austera, inflexível e rigorosa que nos “ajude a manter a sobriedade cristã, guardar os requisitos bíblicos e cumprir zelosamente as obrigações teocráticas”? (Esse foi o motivo dado por um amigo TJ para continuar como membro da Torre de Vigia, 8 meses depois de minha saída)

É óbvio que Deus deu a cada pessoa o direito de sentir-se totalmente livre para fazer suas próprias escolhas (Mateus 7:14,15; Deut. 30:19). Mas a Sociedade Torre de Vigia insiste em intimidar as pessoas para servir fielmente à sua organização por dizer coisas do tipo encontrado em A Sentinela, 15 de outubro de 1992, páginas 20 e 21, parágrafos 12, 14 (final) 15 (início) sob o subtópico “Não Há Outro Lugar”:

12. “Sentir-nos-emos impelidos a servir a Jeová com lealdade JUNTO COM SUA ORGANIZAÇÃO se lembrarmos de que NÃO HÁ OUTRO LUGAR ONDE SE POSSA OBTER A VIDA ETERNA.

14. “Não há outro lugar onde se possa OBTER O FAVOR DIVINO E A VIDA ETERNA.”

15. “Nosso coração deve impelir-nos a cooperar com a organização de Jeová porque sabemos que só ela é dirigida pelo Seu espírito e divulga Seu nome e Seus propósitos.”

Porém, nosso criador nos alertou sobre o julgamento individual que Ele mesmo promete em sua Palavra, a Bíblia, em textos claros que dizem: “cada um de nós ficará postado diante da cadeira de juiz de Deus…; cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus.” (Romanos 14:10-12)

Isso nos mostra que ele considerará as pessoas individualmente. Embora a Sociedade diga que Jeová “sempre orientou seus servos de maneira organizada” (A Sentinela 15/07/83, página 27, par. 19 20), a Bíblia narra o registro fiel de servos individuais como Abrãao, Isaque, Jacó, José, Noé, Jonas, dentre outros, que o serviram fielmente sem um comando central ou “corpo governante”. Isso sem falar dos homens fiéis como Paulo, Pedro, Tiago e outros que não faziam parte de alguma organização religiosa com um Corpo Governante. A ocasional reunião de “anciãos” no livro bíblico de Atos 15 para resolver problemas locais, nunca deveria ter sido usada para provar a existência de um “Corpo Governante” tal como o da Torre de Vigia que dita regras além das que são puramente bíblicas. Obviamente, homens LEGITIMAMENTE inspirados por Deus continuaram a escrever as Escrituras (2 Tim. 3:16) no primeiro século após a morte de Cristo. O que dizer de hoje? Ora, explicar que “ser orientado” é diferente de “ser inspirado” mas exigir igual obediência, é algo incompreensível e contraditório e invalida o sentido destas palavras. Ademais, ainda que tivesse havido esse suposto “Corpo Governante”, certamente não mais conseguiríamos achá-lo atualmente em alguma religião.

Alguns dos que têm saído da organização religiosa das Testemunhas de Jeová optam por buscar uma relação íntima, reverente e pessoal com Deus, não se julgando superiores ao resto da humanidade nem condenando a ninguém. (Prov. 21:2; Jer. 17: 9,10) Ao contrário, tais pessoas sentem-se iguais a Paulo ao descrever seus conflitos pessoais, suas fraquezas e tendências imperfeitas, sem usar de humildade fingida ou hipocrisia: “Homem miserável que eu sou! Quem me resgatará do corpo que é submetido a esta morte? Graças a Deus, por intermédio de Jesus Cristo, nosso Senhor! (Romanos 7:24, 25)

É interessante notar que a única passagem bíblica que fala claramente sobre “A forma de adoração que é pura e imaculada do ponto de vista de Deus” é Tiago 1: 27 e ali se faz referência à caridade aos órfãos e viúvas e a manter-se sem manchas do mundo. Ou seja, ambas as coisas têm a ver com CONDUTA CRISTÃ e não com doutrinas e ensinamentos.

Doutrinas e ensinamentos? Muitos acham proveitoso usar suas próprias consciências dadas por Deus para crer ou não em muitas coisas da forma mais imparcial e não tendenciosa possível. Tomo meu próprio caso como exemplo: não observava o Natal antes de me batizar como Testemunha de Jeová e continuo a não fazê-lo; não creio numa Trindade (embora já tenha lido praticamente tudo o que se diz sobre isso usando a biblioteca protestante); não acredito num inferno de fogo; não vejo nada especial na data de 1914, exceto o valor histórico dela como tantas outras (1789 – Revolução Francesa, 1939 e 1945 – início e fim da 2a. Guerra Mundial, etc); não creio que exista um “escravo fiel e discreto” como classe distinta mas sim como indivíduos fiéis; rejeito o espiritismo em todas as suas formas, etc. Mas essas são apenas escolhas pessoais baseadas em minhas próprias conclusões e leitura pessoal da Bíblia e não mais naquilo que uma determinada organização religiosa diz que a Bíblia declara e que, por isso, eu terei de crer.

No entanto, não é nada fácil reaprendermos a andar com nossas próprias pernas. Portanto, ao chegarmos a modestas conclusões sem o apoio de uma organização religiosa, é essencial que aprendamos, nesse momento, a respeitar sinceramente os que defendem suas crenças a fim de evitarmos os laços de uma possível intolerância “religiosa”.

Não saio a fazer prosélitos. Não quero usar minhas crenças pessoais para confinar pessoas em um rebanho especialmente escolhido, agraciado com a Salvação Eterna. Como já mostrei nos parágrafos anteriores, não acredito que Deus esteja “chamando” pessoas desse modo, típico expediente usado pelas religiões em geral.

E a resposta para as questões fundamentais, tais como de onde viemos e para onde vamos? Não deveria a religião, que se diz verdadeira, respondê-las? Um amigo Ricardo Lira, Testemunha de Jeová, escreveu para uma antigo fórum de discussão chamado “Testemunhas” (dia 25/12/99), o seguinte:

Sobre EM QUE acreditar ou AONDE ir em busca das respostas fundamentais sobre a vida:

  • É mister lembrar que estas questões, em última análise, são bem irrespondíveis – no sentido de que as respostas variarão em função de uma série de fatores, a saber, a personalidade da pessoa, a evidência disponível a ela e, principalmente a CULTURA a que ela pertence. Por exemplo, tivesse você nascido na China (ou Japão), com altíssima probabilidade você seria budista (Taoísta ou quem sabe adepto das filosofias de Confúcio) e estaria encontrando “as respostas” no pensamento de Buda. Fosse você nascido na populosa Índia, teria à sua disposição o hinduísmo como fonte das “respostas”. Ou, quem sabe, tendo florescido no solo iraniano, teria encontrado estas mesmas “respostas” como muçulmano xiita. Por outro lado, sendo iraquiano, muitíssimo provavelmente você seria um muçulmano sunita e buscaria as “respostas” no Alcorão. Asseguro-lhe que, em qualquer um destes países anteriormente mencionados, ser-lhe-ia ALTAMENTE IMPROVÁVEL a busca de uma religião cristã como forma de encontrar as “respostas”. Se a igreja católica é minoria nestes países, imagine o que dizer da Watchtower (OrG.TJ)! Tendo você sido gerado em solo ocidental, esteve exposto à formação cristã e recorreu ao cristianismo em busca de “respostas”.

Eis uma outra razão pela qual não escrevo presunçosamente sobre uma nova opção de religião. Eis mais um motivo pelo qual não pretendo JAMAIS fundar nem mais pertencer a uma religião, principalmente uma do tipo que ouse se auto-eleger como “A Verdade”.

Pessoas em geral, mesmo as Testemunhas de Jeová que se dizem possuidoras da “Verdade” ou como “estando na verdade há X tempo”, debatem-se nas mesmas questões fundamentais ou se conformam com respostas simplistas. Mas mesmo neste último caso, nem sempre aceitam tudo que se lhes é dito por meio de sua agência “autorizada” de informações, seu Corpo Governante; muitos escondem suas dúvidas com medo de represálias e estigmas habituais do tipo “irmão fraco na fé”.

Obviamente, algumas respostas básicas são dadas na Bíblia e essas deveriam bastar. (Romanos 15:4) No entanto, as pessoas preferem digladiar e afastar-se uma das outras por dar excessiva importância a doutrinas e crenças do tipo: há inferno ou não? A alma é imortal ou não? Vamos para o paraíso no céu (Heb. 11:13-16) ou para um paraíso terrestre (Salmos 37:11)? Etc. Não buscam deixar os destinos de suas vidas nas mãos de Deus e por causa de crenças fabricadas por homens e de centenas de milhares de interpretações diferentes da Bíblia ou até de outros livros considerados “sagrados”, a humanidade tem presenciado a proliferação de seitas sectárias, dogmáticas, fundamentalistas, e assim por diante.

Percebemos que as religiões, que no início parecem dar todas as respostas, não conseguem resolver todas as questões existenciais de modo satisfatório e plenamente convincente.

Quando reflito em quão desapontadora e grandemente dolorosa foi minha experiência com a Torre de Vigia ao descobrir que as afirmativas dela de ser a “Adoração Verdadeira” (título esse que apenas evoca e perpetua a presunção de homens que se consideram especialmente “orientados por espírito santo”), sinto uma profunda empatia e preocupação por cada pessoa que ainda poderá descobrir isso. Admito que, seria melhor para tal pessoa nunca tê-la conhecido nem tê-la servido. Para mim, foi uma penosa e aflitiva constatação, pois desejava ter encontrado as respostas para a existência humana nessa ovacionada “verdade” das Testemunhas de Jeová. Felizmente, para consolo e minimização dos anseios e sofrimentos do espírito humano, a Bíblia, a Palavra de Deus, mostra-se nestes casos, eterna fonte de encorajamento e esperança segura. (Rom. 15:4)

De qualquer forma, é reconfortante usar as duras lições aprendidas para tentar ajudar outras pessoas a livrar-se ou afrouxar os grilhões escravizadores das religiões que lhes sufocam com suas cargas pesadas.

Na maioria dos casos, mesmo para os mais crédulos, tais “religiões verdadeiras” lhes tosquiam muito mais do que lhes apascentam. (Mateus 23)

Minha esposa, meus filhos e eu não mais queremos uma “religião” para nós, porque realmente não sentimos que precisamos de alguma. Por que? Porque temos a Cristo e a Javé (Jeová, Iavé) como amigos pessoais e isso nos tem sido suficiente e verdadeiramente recompensador. Entregamos a eles todas as nossas ansiedades (Mateus 6:25-33) e compartilhamos de nossa fé (neles) com nossos amigos e pessoas em geral (Mateus 28:19, 20; 24:14). Adicionalmente, apreciamos e sentimos prazer em falar do grande valor das Escrituras na vida das pessoas. (2 Tim. 3:16, 17)

Nós que saímos da Org. TJ, achamos revigorante ler textos bíblicos diariamente e aprender direta e unicamente da própria Palavra de Deus. São ocasiões simples (Deuteronômio 11:18-21), felizes, encorajadoras e muitíssimo edificantes. Não mais nos sentimos “sob compulsão” como na organização em que nos víamos sob constante e esmagadora pressão para pregar, por exemplo, com “BASE SEMANAL REGULAR” mesmo em detrimento do que recomenda a Bíblia em Veja 2 Cor. 9:7 e Mateus 13:8.

A Bíblia nos confere uma forte convicção: Deus fará uma intervenção nos assuntos da Terra. Todavia, DE QUE TIPO e COMO Ele a fará, não pensamos que seja assunto para especulações (Veja Atos 1:7). Ele cuidará de tudo do melhor modo e nossa obrigação como criação dele é confiar em seus julgamentos justos. (Eclesiastes 12:13,14)

Ainda em meu próprio caso e no caso de muitos que têm saído da organização por motivo de consciência, temos descoberto quão bom é poder apontar aos nossos amigos e aos que nos procuram, a pessoa simples e maravilhosa de Cristo que não tinha uma organização religiosa nem dirigia um “corpo governante”. Temos desenvolvido apreço natural em mostrar às pessoas que ele promete que a “carga dele é leve e seu jugo é benévolo” (Mateus 11:30). Temos prazer em compartilhar nossos sentimentos com outros no sentido de que TODOS nós podemos nos achegar a Deus e seu filho sem precisarmos estar envolvidos em alguma organização religiosa que se auto-proclame “Defensora e Continuadora da Verdadeira Igreja de Deus” e assim por diante.

Finalmente, em nosso dia-a-dia, tem sido de indizível valor louvar a Deus por aplicar com humildade o conselho divino registrado no livro bíblico de Provérbios 3: 1-7:

“Filho meu, não te esqueças da minha lei, e observe teu coração os meus mandamentos, porque te serão acrescentados longura de dias e anos de vida e paz. Não te abandonem a própria benevolência e veracidade. Ata-as à tua garganta. Inscreve-as na tábua do teu coração, e acha favor e boa perspicácia aos olhos de Deus e do homem terreno. Confia em Jeová de todo o teu coração e não te estribes na tua própria compreensão. Nota-o em todos os teus caminhos, e Ele mesmo endireitará as tuas veredas. Não te tornes sábio aos teus próprios olhos. Teme a Jeová e desvia-te do mal.”