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Atualizado em 02/11/2020
Mudanças! Quanto significado pode carregar essa palavra! Ela tem o poder de nos inspirar saboroso suspense e agradáveis anseios ou terríveis medos quanto ao que poderá sobrevir. Pode às vezes provocar alegrias ou tristezas aos seus usuários, pois fazer mudanças conduz à construção e edificação ou à ruína e devastação de valores preciosos na vida de alguém.
A Sociedade Torre de Vigia apelidou as mudanças nos ensinos dela de “novas luzes”, “novo entendimento”, “novas revelações”, “nova orientação do espírito de Deus”, etc. Com freqüência, tais mudanças ou “novas luzes” são apresentadas até mesmo com orgulho pelos fiéis em suas fileiras que creem que Jeová Deus provê a devida “orientação” do espírito santo dele aos membros do Corpo Governante da organização Torre de Vigia baseada em Warwick, EUA.
Citando o texto de Mateus 24:45, as Testemunhas de Jeová se referem às mudanças como “alimento espiritual no tempo apropriado”. Esse termo também se aplica a velhos ensinos do CG que são constantemente revisitados em suas literaturas. Na verdade, tais mudanças ocorrem de acordo com as conveniências de sua agência central de informações, esse Corpo Governante TJ. Apela-se para o texto de Provérbios 4:18 para provar que a “vereda dos justos” tratada neste versículo, é a vereda pela qual tem trilhado essa agência de educação religiosa das Testemunhas, embora o texto tenha por objetivo apenas mostrar o contraste entre o caminho dos justos e dos iníquos – os que andam na luz (João 8:12) e os que andam nas trevas (João 3:19, 20).
Nenhuma religião do mundo tem mudado tanto seus ensinamentos e crenças como a organização Torre de Vigia, embora ela mesma afirme que “uma nova visão da verdade jamais pode contradizer uma verdade anterior. Uma nova luz jamais apaga uma luz mais antiga…”. Revista “A Sentinela” (em inglês) de fevereiro de 1881, página, 3. É importante lembrar que a Bíblia ensina que, mesmo que um anjo apareça pregando outra mensagem, diferente da contida nas Escrituras, os cristãos devem rejeitá-la (Gálatas 1: 8, 9)
Quando há algo errado nos ensinos ou estes se tornam obsoletos e insustentáveis por alguma razão, cabe apenas aos homens idosos do Corpo Governante, mudá-los. O papel de uma Testemunha de Jeová fiel é o de esperar que isso ocorra no “tempo apropriado” e através desse único “canal de comunicação com Deus” (Ex.: “A geração de 1914 que não passaria” ou o julgamento das ovelhas e cabritos que era ensinado como começando em 1914 – “Poderá Viver…”, pág. 183 par. 22, 23 e depois foi mudado para começar somente após a vinda de Cristo – Revista “A Sentinela”, 15/10/95, pág. 19, 20, 23).
E quais têm sido os reais efeitos das “novas luzes” dessa organização sobre seus mais de seis milhões de seguidores nos dias de hoje? Quando surge um “nova luz”, será essa a verdadeira ou será a anterior? Quem fez a mudança foi Jeová ou o Corpo Governante? Quem garante que essa “nova luz” irá se sustentar? Ou será mudada logo depois? O que dizer então da organização como “canal de comunicação de Deus”? É a organização realmente de Jeová ou apenas mais uma agência humana? Não soam tais mudanças de modo estranho para muitas Testemunhas de Jeová reflexivas? Sim, pois muitas aprendem da Bíblia que “Jeová não é Deus de confusão” (1 Cor. 14:23) e, por causa de tanta mudança, muitas ficam sem saber no que acreditar quando leem a organização afirmar em “A Sentinela” de 15/11/1984, pp. 6 e 7 que “a geração que não passará, mencionada por Jesus, é a geração de 1914” e que essa interpretação era “a palavra profética de Jeová” e depois em “Despertai!”, 22/03/93, pág. 4, ela retira o que disse e afirma que “nunca nesses casos presumiram que suas predições eram feitas em nome de Jeová.”
Ora, a organização até mesmo insiste em ser a única capaz de prover um alimento espiritual sadio indo mais longe ao assumir: “não podemos encontrar a orientação bíblica de que precisamos fora da organização do ‘escravo fiel e discreto'”, revista “A Sentinela”, 15 de agosto de 1981, página 19.
Quão mutável é Jeová? O que dizer quando a mudança nas crenças e ensinamentos envolvem vidas humanas? Vejamos o caso do serviço civil alternativo:
O Corpo Governante se reuniu várias vezes, em 1978, para estudar a questão do Serviço Civil Alternativo. Os membros do CG, John Booth, Ewart Chitty, Raymond Franz, George Gangas, Leo Greenles, Albert Shroeder, Grant Suiter, Lyman Swingle, e Dan Sydlik acharam que a proibição do serviço civil alternativo não era bíblica. Votaram contra a permanência dessa norma. Carey Barber, Frederick Franz, Milton Henschel, William Jackson, Karl Klein votaram a favor da permanência da norma. Ted Jaracz se absteve. Nove votos contra 5. Mas nove votos não representavam dois terços no número de membros do CG e por causa de apenas um voto, muitas Testemunhas foram aprisionadas, torturadas, massacradas ou mortas mundo afora ou tiveram suas cidadanias cassadas nos países que negavam a isenção do serviço militar. Por causa de luzes, orquestradas até mesmo por uma minoria do próprio CG, muitas Testemunhas estavam morrendo por algo que consideravam uma norma ou verdade de Jeová Deus. (O relato completo desses sessões decisórias do CG encontram-se, com farta documentação nunca questionada pelo CG, no livro “Crise de Consciência” de Raymond Franz)
De 1949 a 1996, por quase 5 décadas, a organização manteve a proibição do Serviço Civil Alternativo, algo que ocasionou graves problemas para muitos jovens em idade de servir o exército, e isso tudo em nome de uma suposta “neutralidade cristã”. Daí, quando mudou, apelou para a repentina chegada de uma “nova luz”, dizendo que era tudo uma questão de consciência individual. Mas foi essa mais uma “orientação do espírito santo de Deus” ou simplesmente uma deliberação humana que desde o princípio poderia ter ficado ao encargo da consciência cristã de cada indivíduo? O que pensa o leitor?
O livro TJ “Poderá Viver…”, páginas 19 e 20, diz: “não pode haver duas verdades quando uma não concorda com a outra. Ou uma ou a outra é verdadeira, mas não ambas”. Estamos lidando, portanto, com a religião que se diz a única religião verdadeira na terra, cuja liderança se auto-declara “orientada pelo espírito de Deus” e o único “canal de comunicação de Deus na Terra”. Mas entende o leitor que o Corpo Governante está, por fazer tais contundentes afirmações, compartilhando a culpa de seus erros com o espírito santo de Deus? Entende tais “luzes” são unicamente da Torre e que as mudanças nos ensinos dessa organização religiosa apenas provam a natureza inconstante, perigosa, nefasta dela? Que não há NADA do espírito santo de Deus na teoria da iluminação progressiva da Torre de Vigia das Testemunhas de Jeová? Que ao brincar de Deus nessas questões gravíssimas, o os homens do Corpo Governante mostram apenas que os ensinos deles são meramente de fabricação humana errática, sinistra, prejudicial?