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Atualizado 2021
Pesquisas pessoais (nas publicações da Torre de Vigia e na Bíblia) que produzem sérias dúvidas e causam o desligamento da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados das Testemunhas de Jeová.
“Ora, estes últimos eram de mentalidade mais nobre do que os de Tessalônica, pois recebiam a palavra com o maior anelo mental, examinando CUIDADOSAMENTE as escrituras, cada dia, quanto a SE ESTAS COISAS ERAM ASSIM.” Atos 17:11
“Persisti em examinar SE ESTAIS NA FÉ, persisti em provar o que VÓS MESMOS SOIS”. 2Cor. 13:5
A “Sociedade” é ou não é “profeta?”
Profeta: – “Pessoa que fala ou anuncia em lugar de Deus; indivíduo que prediz o futuro”. Pequeno Dicionário de Língua Portuguesa, Pedro Luft.
“A Sentinela”, 1 de outubro de 1972, pág. 581, par. 3, 4 e 5:
“Portanto, tem Deus algum profeta para ajudá-las, para adverti-las e PARA DECLARAR-LHES COISAS FUTURAS? A estas perguntas pode-se responder na afirmativa. Quem é este profeta?… Este profeta não era um só homem, mas um grupo de homens e de mulheres. ERA O GRUPO PEQUENO DOS SEGUIDORES DAS PISADAS DE JESUS CRISTO, conhecidos naquele tempo como Estudantes Internacionais da Bíblia. Hoje são CONHECIDOS COMO TESTEMUNHAS CRISTÃS DE JEOVÁ.”
“Despertai!”, 8 de junho de 1986, p. 9: “…Deus tem um povo, dentro do qual todos são profetas.”
“A Sentinela”, 15 de julho de 1998, p. 13, par. 15: “Deus falou a seu povo por intermédio de Moisés e de outros profetas. Depois, Jeová falou-lhe por meio de seu filho… Atualmente, nós temos a palavra inspirada de Deus, a Bíblia Sagrada. Temos também o “Escravo Fiel e Discreto… de modo que Deus ainda está falando.”
CONCLUSÃO: As Testemunhas de Jeová (ungidas) são PROFETAS!
A Torre de Vigia procura ou não atribuir a Deus SUAS próprias profecias?
“A Sentinela”, 15 de novembro de 1984, pp. 6,7: “A palavra profética DE JEOVÁ, mediante Cristo Jesus diz: ‘Esta geração [de 1914] de modo algum passará até que todas estas coisas ocorram’. E JEOVÁ QUE É A FONTE de profecias inspiradas fará com que as palavras de seu filho se cumpram num prazo de tempo relativamente curto.”
CONCLUSÃO: A PROMESSA SOBRE A GERAÇÃO DE 1914 FOI DE JEOVÁ.
“Despertai!”, 8 de março de 1988, p.4 (Quadro abaixo): “Importantíssimo é que esta revista gera confiança NA PROMESSA DO CRIADOR sobre um novo mundo pacífico e seguro, ANTES QUE DESAPAREÇA A GERAÇÃO QUE VIU OS ACONTECIMENTOS DE 1914.”
CONCLUSÃO: A promessa acima referida é DE JEOVÁ. Mas terão sido realmente de Jeová as declarações de “A Sentinela” 15/11/84 e “Despertai!” 8/3/88 acima citadas? Todo o entendimento sobre a “geração de 1914” foi mudado (“A Sentinela”, 1 de novembro de 1995, p.19, par. 10-12).
São passíveis de mudanças as verdadeiras declarações de Deus?
Isaías 46:10 – “Aquele que desde o princípio conta o final e desde outrora as coisas que não se fizeram; aquele que diz: ‘meu próprio conselho FICARÁ DE PÉ e farei tudo o que for do meu agrado.’”
Isaías 55:11 – “…Assim mostrará ser a minha palavra que sai de minha boca. Não voltará a mim sem resultados, mas certamente FARÁ AQUILO EM QUE ME AGRADEI E TERÁ ÊXITO CERTO NAQUILO PARA QUE A ENVIEI.”
CONCLUSÃO: O que o próprio Deus declara, por meio das Escrituras, FICARÁ DE PÉ E ACONTECERÁ, NÃO ESTANDO SUJEITO A MUDANÇAS. Se for de homens, porém, o que se declara estará sujeito a não ficar de pé e a ser mudado. Aí se aplica o Salmo 146:3: “Não confieis… no filho do homem terreno, a quem não pertence a salvação.”
Poderiam os vários erros (ou novas luzes) no que diz respeito ao ensino de datas 1874 (“Proclamadores”, pág. 133 – par. 4 e pág. 134) 1914 (“Anuário” de 1976, págs 72-76 e especialmente “Proclamadores”; pág. 135}), 1925 (Livro“Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão”; pág. 110 e “Proclamadores”; – 78 – par. 3,4) – 1975 (Livro “Vida Eterna na Liberdade dos Filhos de Deus”; – pág. 29, pars 42 e 43) ser “uma prova de fé e lealdade para os servos de Jeová?”
Tiago 1:13 – “Quando posto à prova, ninguém diga: ‘estou sendo provado por Deus’. Pois, por coisas más Deus não pode ser provado, nem prova Ele a alguém’”
No entanto, observe esta definição de “falsos profetas” no livro “Raciocínios à Base das Escrituras”, P.158:
“Indivíduos e organizações que proclamam mensagens que atribuem a uma fonte sobre-humana, que porém não se originam do verdadeiro Deus e não estão em harmonia com sua vontade revelada.”
Agora, compare essa definição com o que ocorreu em relação às profecias com datas marcadas da Sociedade e com o que diz a Bíblia aqui:
Deut. 18:22 – “… quando o profeta falar em nome de Jeová e A PALAVRA NÃO SUCEDER NEM SE CUMPRIR, esta é a palavra que Jeová NÃO falou. O profeta proferiu-a PRESUNÇOSAMENTE. Não deves ficar amedrontado por causa dele.
Jeremias 23:21 – “Não enviei os profetas, no entanto, eles mesmos correram. NÃO FALEI COM ELES, no entanto, ELES MESMOS PROFETIZARAM.”
CONCLUSÃO: Não devia o “escravo fiel e discreto” de Jesus mostrar sua fidelidade por ser fiel em acatar as palavras de seu amo quando ele mesmo exortou: “Não vos cabe obter conhecimento dos tempos e das épocas que o Pai tem colocado sobre sua própria jurisdição”? Então, por que desconsiderou, tal “escravo fiel e discreto”, não só uma vez, mas várias vezes, a admoestação de “seu” amo? (Atos 1:7)
Será que os apóstolos também tiveram expectativas erradas sobre datas?
Mateus 24:3, Atos 1:6 e outros.
Sim. Contudo, estavam eles apenas interrogando ou afirmando como profetas? Eram eles aprendizes, discípulos tentando tirar suas dúvidas ou “profetas” e instrutores (como as TJ ungidas do Corpo “Governante”) fazendo profecias que não se cumpririam? O que dizer da mudança da Sociedade quanto à interpretação “bíblica” sobre os ‘Rei do Norte e Rei do Sul’ (Abundantemente usada em várias literaturas nas décadas de 70, 80 e apenas levemente pincelada no novo livro “Preste Atenção à Profecia de Daniel”, lançado em 1999) e, portanto, não mais “explicada” após a morte de Frederick Franz – responsável por esta “profecia apelativa, não cumprida”? Desengavetará alguma vez a mesma? É possível? A guerra fria entre o Rei do Norte (Rússia) e o Rei do Sul (potência Anglo-Americana – EUA e Grã-Bretanha) acabou e com ela, tal profecia. Fizeram alguma vez os discípulos ou servos de Deus no passado este tipo de profecia para depois não admitirem seu erro para o povo?
CONCLUSÃO: Os discípulos estavam PERGUNTANDO e não ENSINANDO a alguém. O erro do CG não foi a ANSIEDADE, e sim o ENSINO de falsas profecias. Os discípulos estavam também ansiosos, mas foram advertidos contra tal anseio: ATOS 1:7.
Tem a Sociedade evitado um pedido de desculpas formal e aberto porque isso poderia dar “munição aos apóstatas”? Reconhece ela que errou ou prefere dizer: “alguns no passado…” ou “muitos pensaram…” “houve irmãos que…” “cogitou-se que…” “pensou-se que…”, “o povo de Deus achava que”, sendo bem ambígua e sempre apelando para o sujeito indeterminado porque ELA, a Sociedade, na verdade, é o próprio sujeito de tais orações de acordo com o que foi visto acima?
Todas as questões deixam a dúvida de que algo que é a “verdade atual” pode ser mudado: Será que Cristo foi empossado em 1914? Aconteceram mesmo todas as profecias ou uma nova luz dirá no futuro que não foi assim? Os irmãos saem para pregar, mas devem pregar sobre isso como fato provado no serviço de campo? De fato, o que ocorreu nos céus invisíveis é mais difícil de ser provado para as pessoas ou mais fácil?
CONCLUSÃO: Ter pessoalmente expectativas erradas sobre datas é uma coisa. Qualquer um de nós pode tê-las. Divulgá-las e ensiná-las durante décadas por meio de livros, revistas e discursos é outra coisa bem diferente. A liderança designada por Jesus para cuidar do rebanho não criou expectativas erradas. Antes, quando estas surgiram no rebanho, eles acautelaram contra tais expectativas. Se não vejamos em 2 Tes. 2:1 a 3:
“No entanto, irmãos, com respeito à presença do Senhor Jesus Cristo e de sermos ajuntados a eles, solicitamo-vos que NÃO SEJAIS DEPRESSA DEMOVIDOS de vossa razão, NEM FIQUEIS PROVOCADOS, quer por uma expressão inspirada, quer por intermédio duma mensagem verbal, quer por uma carta COMO SE FOSSE DA NOSSA PARTE, no sentido de QUE O DIA DE JEOVÁ ESTÁ AQUI. Que ninguém vos seduza, de maneira alguma, porque não virá a menos que venha primeiro a apostasia e que seja revelado o homem que é contra a lei, o filho da destruição.”
No caso hodierno das Testemunhas de Jeová, FOI A LIDERANÇA, O CORPO GOVERNANTE, que se deixou “demover de sua razão” e “ficou provocado” por meio de “expressões inspiradas” e “mensagens verbais” (discursos) e “por cartas” (livros e revistas), e divulgou falsas profecias “como se fosse da parte dos apóstolos” (ou da Bíblia), fazendo as pessoas pensarem que o “Dia de Jeová está aqui” (1914, 1925, 1975). O Corpo Governante FEZ O OPOSTO da liderança apostólica do primeiro século. Em vez de acautelar contra as expectativas infundadas, eles não só AS CRIARAM como AS ESTIMULARAM.
Podem pessoas ser afetadas dramaticamente e apenas “‘esperar em Jeová’ que no tempo devido Ele conserta tudo,” como se Ele fosse o próprio Orientador de tal vai-e-vem de erros em questões tão sérias e que envolvem a saúde e as vidas dos irmãos?
“A Sentinela”, 15/12/64, pág. 749, par 22:
“Assim como Jeová revelou suas verdades por meio da congregação cristã do primeiro século, assim também Ele o faz, atualmente, por meio da atual congregação cristã. POR MEIO DESTA AGÊNCIA, FAZ COM QUE SE CUMPRA O PROFETIZAR em escala intensificada e sem paralelo. Toda esta atividade não é feita por acaso. JEOVÁ É QUEM ESTÁ POR TRÁS DE TODA ELA.”
“A Sentinela”, 1/12/82, p.13, parágrafo 4:
“Hoje em dia, um restante desse escravo fiel e discreto… seus deveres incluem receber e passar a todos os servos terrestres de Jeová o alimento… OCUPAM UMA POSIÇÃO SIMILAR A DE PAULO e seus colaboradores, quando esse apóstolo falou sobre as maravilhosas verdades que Deus revela a seu povo. É a nós, que Deus as tem revelado por intermédio de seu espírito.”
Na mesma revista, pág. 19, par. 10: “VER O ‘ESCRAVO’ É O MESMO QUE VER A CRISTO. A cronometragem dos assuntos É PROVIDA PELO NOSSO COMANDANTE invisível. O conceito dele é que importa, não os nossos conceitos pessoais.”
CONCLUSÃO: Se é Jeová quem faz que se cumpra o profetizar, se o Corpo Governante (ou a Sociedade) igual a Paulo recebe revelações de Deus, se ver o “Corpo Governante” é o mesmo que ver a Cristo, se a cronometragem é provida por Cristo, como ocorreram os erros relacionados a 1874, 1914, 1925, 1975 e finalmente o erro de que a geração de 1914 veria o fim do sistema? Terá sido o erro de Jeová? Não, pois “perfeita é a sua atuação” (Deut. 32:4). Se o erro foi de homens imperfeitos e falíveis, como puderam esses ensinos no passado ser passados adiante como coisa oriunda do próprio Deus? Por que os irmãos foram exortados a aceitá-los sem questionar e a levar a suas vidas segundo esses ensinos, fazendo-os crer que eram de Deus ao invés do que realmente eram, ensinos de homens que o tempo mostrou estarem errados? Salmos 146:3
Sobre Transplantes de Órgãos:
“A Sentinela”, 1/02/62, pág. 96 – Transplantes liberados!
“A Sentinela”, 1/06/68, págs. 349 a 351 – Transplantes proibidos!
“A Sentinela”, 1/09/80, pág. 31 – Transplantes liberados NOVAMENTE!
Questão subjacente 1: Visto que estavam envolvidas a saúde e as vidas dos irmãos em todo o mundo, onde estava a orientação divina sobre estas decisões? Se a orientação de 1962 era a correta, por que foi modificada em 1968? Se a orientação de 1968 foi modificada, é porque estava errada e no entanto aceita como certa na época. Finalmente, voltou-se à orientação original. Será que o Deus que “não é de desordem” (1Cor.14:33) orientou estas decisões errôneas? Será que o Deus de amor (1Jo 4:8) daria uma orientação que prejudicasse a vida e a saúde de suas criaturas? Sabemos que os cristãos podem sofrer provações para manter sua integridade a Deus nas coisas QUE ELE REALMENTE DETERMINA, e não com relação a NORMAS INVENTADAS POR HOMENS (Mat. 15:9). Contudo, será que foi este o caso?
É natural que seres humanos errem, contudo não é um grande vitupério para o nome de Deus quando um grupo de pessoas, ao continuarem errando VEZ APÓS VEZ, ainda assim afirmem estar sob “orientação divina” ou “direção teocrática”? Não é um vitupério para o nome de Deus quando estes pressionam co-associados a aceitar seus ensinos e orientações sob a intimidação e pena de expulsão caso discordem de tais?
PORTANTO, O PONTO É QUE NINGUÉM DEVE SE SENTIR OBRIGADO A SEGUIR TAIS ENSINOS E ORIENTAÇÕES FALHAS QUE, POR SI MESMAS, PROVARAM QUE NÃO SÃO DE ORIGEM DIVINA MAS DE FABRICAÇÃO HUMANA!
Questão subjacente 2: Alguém poderia raciocinar: “Por que importar-se com os erros e não deixar que as ‘coisas boas’ da religião compensem qualquer dano? Mesmo que ela tenha estimulado o contrário, muitos não têm lares, filhos, etc, e são felizes por conta dos valores que a Sociedade ensinou e continua ensinando?”
CONCLUSÃO – Parte 1: Os valores bíblicos sempre estiveram na Bíblia e, portanto, não são propriedade exclusiva de alguma religião. Nenhuma religião pode exigir “direitos autorais” pelo conteúdo das sagradas Escrituras. Por outro lado, aqueles que realmente seguiram À RISCA as instruções da Sociedade nas décadas passadas e mesmo hoje em dia, com raras exceções, podem usufruir das coisas desaconselhadas: bens materiais melhores, FILHOS, curso superior, etc. É bom lembrar que nas décadas pássadas todos eram fortemente “incentivados” (e a ênfase era realmente grande) a NÃO SE CASAR, NÃO TER FILHOS, NÃO SE EMPENHAR PARA OBTER EXCELENTES BENS MATERIAIS, NÃO FAZER FACULDADE, etc.
“Sair de pioneiro” e abandonar até mesmo excelentes projetos de vida como o de se concluir um curso universitário, era (e tem sido) o tema favorito e um dos mais abordados pela organização. Para se ter um exemplo de como era dada essa instrução, poderemos ler um trecho de “A Sentinela”, 1 de março de 1976, página 159 (o sublinhado é meu):
“Atualmente, há muitos adolescentes que são servos batizados de Jeová. O estudo pessoal que fazem, bem como sua preparação para as reuniões e sua participação na Escola Teocrática forneceram-lhes conhecimento básico da verdade bíblica para a pregação cristã. Tiraram também proveito da instrução provida nas escolas públicas. Mas, até onde devem ir na educação secular? Dificilmente seria coerente que tal jovem, de própria escolha, seguisse extensos estudos seculares, além do exigido por lei e pelos pais. Segundo a Primeira a Timóteo 6:20, não é sábio encher a mente com as filosofias de homens imperfeitos: “Ó Timóteo, guarda o que te foi confiado, desviando-te dos falatórios vãos, que violam o que é santo, e das contradições do falsamente chamado ‘conhecimento’.” Por este motivo, anos adicionais de educação universitária podem apresentar laços. Pode-se sofrer ‘lavagem cerebral’ pelas filosofias humanas, ao ponto de se destruir a fé em Deus e na Bíblia. (Col. 2:8) Muitos cursos em faculdades e universidades baseiam-se em teorias falsas, tais como a da evolução, que apóiam o velho sistema de coisas, o qual desaparecerá em breve para sempre. (1 João 2:17) Um bom número de catedráticos não têm fé em Deus, nem na Bíblia, e ensinam ativamente suas crenças atéias. Além disso, há a influência corrompedora que o ambiente universitário amiúde exerce sobre a moral, inclusive o perigo do vício das drogas“.
Hoje em dia, “alimentos no tempo apropriado” como esse acima chegam às mesas congregacionais com recheio de flexibilidade e temperados com aparente moderação. Mas ainda assim, observamos o Corpo Governante insistir que PESSOAS JOVENS considerem GASTAR SEUS MAIS PRECIOSOS ANOS EM PROL DA ORGANIZAÇÃO POR “SERVI-LA DE TEMPO INTEGRAL” (como falam algumas Testemunhas) em detrimento de carreiras “lucrativas”, ter família e filhos, etc. Veja um exemplo mais recente disso no “texto do dia” do “Examine”, 02/05/01 (o sublinhado é nosso):
Texto do Dia – Quarta-feira, 2 de maio:
“Você talvez seja uma pessoa jovem, dedicada a Jeová. Terá ricas bênçãos se na vida der primazia aos interesses do Reino. Com oração e cuidadoso planejamento, talvez possa passar pelo menos seus anos de jovem em alguma forma de serviço de tempo integral – um modo excelente de mostrar que se lembra do seu Grandioso Criador. Senão, os interesses materialistas podem começar a ocupar a maior parte do seu tempo e da sua atenção. Talvez se case cedo na vida e contraia dívidas para adquirir coisas materiais. Uma carreira lucrativa pode absorver grande parte do seu tempo e da sua energia. Se tiver filhos, terá de assumir por décadas as responsabilidades com a família. (1 Tim. 5:8) w 15/11/99 8a
Seguir tais instruções À RISCA era, e ainda é, uma grande “prova de fé” demonstrada por uma jovem Testemunha de Jeová. Por outro lado, há alguns anos, quem fazia faculdade era tido como “fraco na fé”. Assim, milhares em todo o mundo foram fiéis às instruções e incentivos da época quer por não iniciar ou por simplesmente abandonar cursos universitários.
Muitos destes hoje em dia estão a recolher os restos e tentando refazer suas vidas. Aquele “senso de urgência dos tempos” ganhou maior moderação. Um indispensável senso de previdência já faz parte da vida de grande parte das Testemunhas de Jeová que se sentem como “gatos escaldados”. Os que estão a mais tempo na organização sabem bem o que significam essas palavras.
O fato é que as “instruções” quanto a tais decisões – as quais cabiam apenas à consciência individual – têm mudado gradualmente para ajustar-se aos novos tempos e necessidades, não a mudanças de alguma explícita vontade de Deus. No entanto, o dano já foi produzido graças ao consciente coletivo oriundo de Warwick, EUA. Infelizmente, tal “consciência coletiva” autoritária ainda persiste operando dramaticamente nas vidas de inocentes Testemunhas em relação a vários outros assuntos mesmo agora em pleno século 21, na aurora de um incrível milênio que não mais permite o controle de informações nem tampouco o autoritarismo religioso em nome de Deus.
Há coisas, porém, que não mudarão tão facilmente nos próximos anos como o caso das inúmeras pressões para se fazer mais e mais e os funestos resultados na vida das Testemunhas de Jeová que se vêem estigmatizadas como “menos teocráticas e espirituais” que outras. Jargões opressivos criados para desdenhar o cristianismo alheio, mesmo no ambiente interno das Testemunhas, são facilmente ouvidos nas congregações e muitos têm de conviver com essa cruel realidade de “castas de concristãos” – os “FRACOS NA FÉ” (“inferiores” = fraco relatório mensal de horas gastas na pregação) e os “FORTES NA FÉ” (“superiores” = significativo relatório mensal de horas gastas na pregação). Assim, os estereótipos de irmãos fracos ou fortes “espiritualmente” continuarão a permear e orientar o ambiente “teocrático” e exclusivista das Testemunhas de Jeová. Isso tem um reflexo direto até mesmo na escolha de “amizades cristãs” internamente ao passo que gera uma combinação parodoxal de segregação espiritual e estratificação social dentro das congregações mundo afora. A organização utiliza isso como tática implacável para manter o ambiente “teocrático” esterilizado, o quê, adicionalmente, também serve como reforço para uma maior conformidade de grupo em prol de seus apelos.
Todos esses expedientes de pressão e recursos organizacionais são associados a um pseudo amor “Ágape” (“amor baseado em princípios”). Tal “amor” pode, na verdade, ser melhor traduzido por “amor baseado em regras”. Como assim? Bem, você é considerado como sendo uma “boa associação” não apenas por sua bondade ou amor aos irmãos, pelo sincero empenho em agradar a Deus, mas principalmente pelo QUANTO você realmente ESTÁ FAZENDO em seu relatório mensal de horas de “pregação” que a organização impõe. Na designação de um ancião (dirigente local), por exemplo, um requisito ESSENCIAL é que a pessoa apresente um “bom relatório de serviço de campo” – “pelo menos 10 horas mensais” -, frisou um superintendente de circuito em certa ocasião. É por isso que, nas “visitas dos viajantes”, vê-se tanta movimentação e corre-corre dos anciãos, servos ministeriais e publicadores em mostrar prontidão e apreço organizacional.